Guias, fios de contas, ilekés e brajás são alguns dos nomes utilizados pelas religiões afro-brasileiras para os colares usados pelos médiuns durante as sessões e giras, com a finalidade de trazer proteção aos devotos, além de representar os guias, entidades ou orixás atuantes. Variando na cor e no formato conforme a linha e orientação divina, fazem parte da indumentária e da ritualística, podendo simbolizar e identificar o cargo ou a etnia do culto, de acordo com a tradição de cada casa. O uso dos colares normalmente é orientado pelas Entidades Espirituais e pelos dirigentes espirituais dos terreiros, funcionando como elemento de defesa ou para-raios, com a função de proteger ou descarregar as cargas energéticas deletérias que possam estar presentes nos locais de trabalhos espirituais. Na Umbanda os colares ritualísticos recebem o nome de guias, por representarem a Entidade ou Guia Espiritual. Estas guias são feitas de pedras, sementes, conchas, ossos, dentes de animais e miçangas de porcelana, preferencialmente de cristal. Ao serem consagradas para o uso, as guias são lavadas em água com as folhas sagradas de cada Entidade ou Guia Espiritual e defumadas com ervas secas específicas. Na prática da imantação, os colares são deixados nos altares (Congá) por vários dias para receber um acréscimo de força divina que aumenta o seu poder energético. Lavar os colares para purificá-los, iluminá-los com velas e entregá-los nas mãos dos Guias Espirituais para que sejam cruzados, é considerado uma verdadeira consagração para o uso no dia a dia. Como instrumentos religiosos fazem o elo entre o que é material e o que é divino, permitindo assim uma maior comunicação espiritual com a Entidade ou o Orixá. A utilização das guias, além de proteção, representa a afirmação do compromisso espiritual, cultural e ético entre o ser humano e o Sagrado, atribuindo sentimento de pertença e proporcionando identidade para o indivíduo que integra um grupo espiritual.